Muita emoção e alegria tomaram conta da Biblioteca Municipal na tarde de hoje (26). Tratava-se da primeira contação de histórias feita na Língua Brasileira de Sinais (Libras) promovida pela Secretaria Municipal de Cultura no espaço. Na oportunidade, a convidada a levar os contos foi a estudante de Teatro Viniele Moreira Oliveira, que apresentou um universo diferente aos presentes por meio de sua primeira língua. Contada de uma surda para surdos, as histórias não tiveram tradução.
Os clássicos relatados foram Cinderela, O Patinho Feio, Os Três Porquinhos e Chapeuzinho Vermelho. Estiveram presentes por volta de 40 surdos e estudantes de Libras de diferentes faixas etárias. Para a contadora, o mais importante foi ver pessoas mais velhas na sala. “É um momento de muita emoção, pois tivemos inclusive pessoas mais idosas que são surdas, mas que não aprenderam a língua de sinais na idade correta. Com a questão dos classificadores e o recurso da língua, eu percebi que eles conseguiram aproveitar. São surdos que antigamente ficavam presos em suas casas e que não tinham contato. Então é muito importante vê-los participando desses momentos”, emocionou-se.
Com grandes expectativas parao evento, a coordenadora de atividades culturais da Biblioteca Municipal, Silvia Gratão, foi surpreendida. “Olha, eu fico até emocionada, porque o resultado foi superpositivo. Os convidados vieram em peso, a sala estava cheia e o trabalho da Viniele é lindo. As contações foram bonitas, divertidas, tiveram muita expressão, que é próprio da língua de sinais. Dá pra ver no rostinho de cada um que eles gostaram muito”, relatou.
Sem audição, o pequeno Samuel Souza Bernardes, com 12 anos, não perdeu segundo da narração de Vinielle e mal pôde esperar para viver um momento desses de novo. “Foi a primeira vez que participei de uma contação de histórias em sinais. Eu achei muito bom, muito legal mesmo. Tenho muita vontade de participar de outras apresentações assim e até mesmo de ser um contador de histórias um dia”, destacou.
Setembro azul
O mês de setembro é marcado por diversos eventos da comunidade surda. Eles são voltados para a conscientização sobre a acessibilidade e a comemoração das conquistas obtidas ao longo dos anos. É comum encontrar vários espetáculos culturais acessíveis sobre a surdez nessa época do ano, além de congressos sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e homenagens. Há também um reforço da luta por mais escolas bilíngues, nas quais alunos surdos e ouvintes possam aprender e crescer juntos.Por conta de tudo isso, setembro é considerado o mês dos surdos e é conhecido pela comunidade como Setembro Azul.