A Prefeitura de Uberlândia, por meio da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) da Secretaria Municipal de Saúde, trabalha rotineiramente na prevenção e combate a diversos parasitas e avanço de doenças junto à população. Uma das frentes de atuação está no controle da leishmaniose visceral (LV) canina- uma zoonose parasitária, considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como grave problema de saúde pública no mundo dadas as suas características clínicas de evolução grave, podendo ser fatal em indivíduos não diagnosticados oportunamente e tratados adequadamente.
No Brasil, o agente causador da doença no país é a Leishmania infantum, transmitida pela picada do mosquito (flebotomíneos) infectados, principalmente pela espécie Lutzomyia longipalpis, também conhecidos como “mosquito-palha”, “tatuquira”, “cangalhinha” e “birigui”. Na zona urbana, os vetores têm predileção alimentar pelo sangue canino. Além disso, a presença de condições ambientais favoráveis à manutenção do vetor infectado, como temperatura, umidade e presença de matéria orgânica, favorecem o aumento da presença ambiental do parasita, facilitando sua disseminação para outros animais e para o homem.
Sendo assim, a equipe do Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral Canina (PVCLVC), realiza, de forma sistematizada e contínua, ações de busca ativa de animais infectados com o objetivo de orientar sobre destinação e tratamento adequados. De acordo com a médica veterinária e coordenadora do Laboratório de Entomologia da UVZ, Márcia Beatriz Cardoso de Paula, o trabalho é feito por meio de visita às residências e coleta de sangue dos animais para verificar a presença da doença nos cães.
“A visita é importante para mantermos o controle da doença no município. Dessa forma, evitaremos que a doença chegue ao homem. Paralelamente ao trabalho de verificação, cabe ainda à equipe instruir a comunidade e levar orientações para a prevenção, pois a doença existe e precisa ser combatida”, explicou.
A médica veterinária ainda detalhou que a doença no cão é de evolução lenta e sua manifestação depende do tipo de resposta imunológica apresentada pelo animal. O quadro clínico apresenta uma variação do aparente estado saudável, com ausência de qualquer sintoma clínico, a um severo estágio final, onde o animal apresenta todos ou alguns sinais mais comuns da doença. “Os principais sintomas da leishmaniose visceral canina são queda de pelos, crescimento acentuado das unhas, feridas no focinho e orelhas, emagrecimento, fraqueza e lacrimejamento.”
Rotineiramente, as equipes visitam os bairros Aclimação, Morada dos Pássaros, Jardim Ipanema, Mansões Aeroporto, Nossa Senhora das Graças e Morumbi- locais onde a presença do vetor já foi comprovada. No entanto, moradores de outros bairros, clínicas veterinárias e outros podem, também, solicitar a visita para realização dos exames, que são executados gratuitamente. Solicitações dos exames podem ser feitas através do fone: 3213-1470.
Para continuar mantendo o controle da transmissão da LV em Uberlândia, a ajuda da população é fundamental. “A prevenção e o controle da doença podem ser ainda amplificados se a comunidade colaborar com as ações da UVZ, não só recebendo e autorizando a realização dos exames em seus animais, mas também acatando as orientações referentes ao manejo ambiental necessário para manter estes insetos longe de seus quintais”, reforçou a médica veterinária.
Até 2016, a única solução para animais infectados era a eutanásia. Hoje, o tutor do animal pode optar pelo tratamento.