O Aterro Sanitário de Uberlândia, que pertence ao Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), já transformou mais de 1,2 milhão de toneladas de CO₂ equivalente em créditos de carbono, consolidando-se como referência em sustentabilidade e geração de energia limpa. Desde 2012, o local abriga uma planta que capta e queima o gás metano, 28 vezes mais poluente que o gás carbônico, para produzir eletricidade. A operação é realizada pela Energas, empresa do grupo italiano Asja, em parceria com a Limpebrás, concessionária que administra o aterro desde 2008.
A empresa foi a responsável pelos investimentos necessários para implementar a planta e viabilizar o acesso ao mercado de carbono. O resultado é duplamente positivo: evita-se a emissão de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, gera-se energia limpa e créditos de carbono com valor no mercado internacional. Ao todo, já foram comercializadas 1.239.555 toneladas de CO², o que gerou mais de R$ 21,6 milhões em créditos de carbono.
“A parceria no aterro sanitário mostra como é possível aliar responsabilidade ambiental, geração de energia e retorno econômico para o município, transformando resíduos que antes eram problema em oportunidades sustentáveis”, destaca Arthur Rosa, coordenador da Gerência de Resíduos Sólidos do Dmae.
Parte desse montante é repassada ao Dmae, como previsto no contrato de concessão do aterro. Desde outubro de 2020, o Dmae já recebeu R$ 2.168.245,21 em royalties, valor correspondente a 10% das vendas dos créditos. Esses recursos reforçam o compromisso de Uberlândia com políticas públicas sustentáveis e permitem novos investimentos em iniciativas ambientais.
O repasse mais recente, no valor de R$ 157.189,03, foi feito em abril deste ano. A maior transação registrada foi em dezembro de 2023, com a venda de 379,8 mil toneladas de carbono e o pagamento de quase R$ 1,3 milhão em royalties ao Dmae.
No processo adotado no aterro, todo o rejeito domiciliar proveniente da coleta pública convencional passa por uma decomposição que gera o gás metano. Em vez de ser liberado na atmosfera, esse gás é captado e conduzido a uma planta de queima controlada, onde é convertido em energia elétrica.
Atualmente, o sistema opera com quatro geradores capazes de produzir até 5 megawatts-hora (MW/h), volume suficiente para abastecer cerca de 11.544 habitantes. Só em 2024, essa tecnologia evitou a emissão de 112.583 toneladas de CO₂, o equivalente ao plantio de mais de 788 mil árvores.
O que é o mercado de crédito de carbono?
Criado como um mecanismo de combate às mudanças climáticas, o mercado de crédito de carbono permite que empresas ou países que reduzam suas emissões ou captem gases poluentes possam comercializar esse resultado ambiental positivo. Cada crédito representa uma tonelada de CO₂ que deixou de ser emitida. Do outro lado, companhias que ultrapassam seus limites de emissões, seja por regulamentações locais ou compromissos internacionais, podem adquirir esses créditos para compensar seus impactos.
Além de ajudar a cumprir metas globais, esse modelo gera oportunidades econômicas reais. Empresas dos setores de energia, transporte, siderurgia, agronegócio, tecnologia e tantos outros se beneficiam da compensação ambiental. Para projetos como o do Aterro de Uberlândia, isso significa um novo canal de financiamento ambiental, que impulsiona políticas sustentáveis, inovação tecnológica e benefícios concretos para o município.
