Com a chegada do período chuvoso, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) orienta sobre a importância da instalação de válvulas de retenção nas redes de esgoto residenciais. O equipamento é essencial para prevenir o refluxo de esgoto nas residências, principalmente durante chuvas intensas, quando o sistema coletor opera com maior volume.
Em 2025, o Dmae registrou um aumento médio de 17,2% na densidade de ordens de serviço (OSs) de vazamentos durante o período chuvoso, entre janeiro e março, em comparação com os meses de seca, de abril a setembro. Esse comportamento indica uma relação direta entre as ligações cruzadas e o aumento das demandas operacionais, especialmente por extravasamentos e refluxos.
Os dados apontam, ainda, um crescimento de 47% nas ocorrências de refluxos internos nos meses de chuva, quando o alto volume de água pluvial é direcionado indevidamente à rede de esgoto por meio dessas ligações cruzadas. Nesse cenário, as redes públicas operam no limite de sua capacidade, o que favorece o retorno do esgoto pelas instalações internas das residências.
No período chuvoso, entre janeiro e março, a média mensal de registros de refluxos internos é de 326 ocorrências, enquanto no período de seca, de abril a setembro, essa média cai para 225,8 ocorrências. Os números confirmam que 2024 manteve a mesma tendência sazonal observada no ano anterior, com um aumento expressivo de refluxos nos meses de chuva e redução gradual ao longo do período seco.
De acordo com o diretor do Sistema de Esgotamento Sanitário do Dmae, Lucas Rocha, a válvula de retenção é instalada, preferencialmente, na calçada, em um trecho da tubulação entre a rede pública e o imóvel.
“Esse mecanismo conta com uma portinhola que permite que a água residual circule em apenas uma direção, impedindo que o esgoto volte pela tubulação e entre na residência. É um equipamento simples, mas extremamente eficiente, que evita prejuízos e desconfortos aos moradores, como o mau cheiro e o retorno de resíduos”, explicou.
Por ser instalada na rede interna do imóvel, a instalação da válvula pode ser feita pelo próprio proprietário, com um profissional especializado, garantindo o nivelamento correto e o bom funcionamento do sistema. É recomendado o uso do equipamento, principalmente, para residências que já registraram refluxos recorrentes ou que estão localizadas em áreas com maior declividade e proximidade de redes principais e que na revisão do código de instalações hidráulica não será mais aprovado projetos hidrossanitários sem o dispositivo.
Ligações cruzadas
Além dos refluxos, outro fator que preocupa a autarquia é o extravasamento causado por ligações cruzadas, quando a rede de drenagem pluvial (água da chuva) é indevidamente conectada à rede de esgoto. Essa prática sobrecarrega o sistema durante períodos de chuva, provocando entupimentos, extravasamentos e mau funcionamento da rede.
“As ligações cruzadas são um problema recorrente e muito prejudicial ao sistema de esgotamento. A entrada de água da chuva na rede de esgoto provoca sobrecarga e pode causar extravasamentos tanto nas vias quanto dentro das residências. Por isso, é fundamental que cada sistema seja utilizado corretamente, conforme sua finalidade”, alertou Lucas Rocha.
Mau uso da rede
A autarquia também reforça que o mau uso da rede é uma das principais causas de obstruções. O descarte de óleo de cozinha, resíduos sólidos e objetos inadequados, como cotonetes, fios dentais, fraldas, absorventes, panos e sacolas plásticas, compromete o funcionamento da rede e aumenta os riscos de entupimentos.
Esses materiais devem ser acondicionados adequadamente e encaminhados para a coleta de lixo. Já o óleo de cozinha usado pode ser entregue na coleta seletiva, nas cooperativas de reciclagem ou no ponto de coleta localizado na sede do Dmae (avenida Rondon Pacheco, 6.400, no bairro Tibery).
Com ações de manutenção contínuas e campanhas educativas, o Dmae segue trabalhando para garantir a eficiência do sistema de esgotamento sanitário de Uberlândia, reforçando o compromisso da autarquia com a saúde pública e a sustentabilidade urbana.