Secretaria de Cultura

PAINÉIS EM MOSAICO DE VIDRO DO ARTISTA GERALDO QUEIROZ

PAINÉIS EM MOSAICO DE VIDRO DO ARTISTA GERALDO QUEIROZ

PAINEL CENA PORTUGUESA

Endereço: Rua Santos Dumont, 174.

(Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 12.904 de 30/06/2011. Registrado no Livro do Tombo Belas Artes, Inscrição II).

Análise Iconográfica:

O painel possui formato retangular, porém na construção da imagem observa-se delineamento da mesma em formato amebóide. Ocupa aproximadamente 27,5 m² medindo 3,55 m de altura por 7,80 m de largura. A técnica utilizada pelo autor foi o mosaico em pastilhas de vidro coloridas, de 2 x 2cm, assentadas sobre cimento branco. O painel figurativo é composto por três cenas à frente e fundos variados. No primeiro plano, à esquerda, tem-se a figura de um jovem sobre um conjunto de pedras marrons, com o corpo frontal levemente inclinado, cabeça em perfil voltada para a direita e mão direita segurando um jequi, com o cesto para cima e a haste apoiada sobre as pedras. O jovem está de chapéu escuro e veste casaco claro que se estende até os joelhos. O cenário ao fundo é composto pela linha do horizonte, dividindo-o em plano inferior com colorações de verde-água e branco, induzindo movimento do mar, e plano superior com coloração gradativa do branco ao azul anil.

A imagem central apresenta, em primeiro plano, uma figura masculina de meia-idade, inclinada para direita, com a cabeça na posição frontal e rosto arredondado. Está vestido com camisa branca, colete e chapéu pretos. Suas mãos estão apoiadas num balcão volumétrico nas cores azul e branco, sobre o qual estão algumas frutas. Ao fundo nota-se uma edificação de estilo clássico, emoldurada por um arco pleno que se estende até a extrema direita.

Na lateral direita, um casal com roupas típicas de Portugal, sob a continuação da arcada, com uma vegetação densa verde ao fundo e flores à frente. Ao fundo, céu azul. A figura feminina de meia-idade está na posição frontal e com a cabeça voltada para a figura masculina. A mulher apresenta rosto com formato oval e chama atenção à sua boca de contorno vermelho. Suas mãos estão na cintura, traja uma saia preta com detalhes florais coloridos, um colete preto com camisa de manga longa branca e na cabeça um lenço vermelho. A figura masculina, também de meia idade, tem o corpo e cabeça voltados para a mulher.

Ele veste calça preta, casaco curto, também preto, com detalhes vermelhos. Seu braço direito está passado na cintura da mulher. O casal repousa sobre piso quadriculado nas cores amarelo e marrom.

Análise Iconológica:

O painel ilustra o desejo de ser evidenciada a ascendência europeia, já que possui 3,55 x 7,80m e está estampado na fachada frontal da residência, portanto, aberto e exposto para a rua. De herança portuguesa, o proprietário encomendou um mural que retratasse suas origens. Foram representados o Teatro de São Carlos, o casal da região do Minho, as colunas da região de Leiria, o sargaçeiro, pescador de algas com suas roupas típicas e o comerciante português que remete à importância do comércio para a família.

PAINEL CIRANDA DE CRIANÇAS

Painel Ciranda de Crianças

Endereço: Avenida João Pinheiro, 646.

(Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 12.905 de 30/06/2011. Registrado no Livro de Tombo Belas Artes, Inscrição III.)

Análise Iconográfica:

O painel é composto por imagens de ciranda de roda na sua maior parte, à direita, motivo junino, e ao fundo, motivos geométricos. Na cena principal, a primeira menina na parte mais central da roda está de frente, com rosto redondo, cabelos escuros, usa vestido azul com bainha branca, sapatos brancos e meias verdes. À sua esquerda, menina de perfil, com rosto redondo inclinado à sua direita, com cabelo castanho e curto, preso com “rabo de cavalo” e fita branca. Usa vestido branco, gola em decote em “V”, com manga e bainha azuis, laço na cintura, sapatos vermelhos e meias brancas. À sua esquerda, uma menina de costas, com a cabeça voltada no mesmo sentido. Ela tem os cabelos claros no ombro, veste blusa vermelha, saia verde com listra vermelha acima da bainha, sapatos pretos e meias brancas. À sua esquerda um menino de costas, com o pé direito apoiado no chão e o esquerdo no ar. Ele usa camisa azul e bermuda preta com suspensório preto, sapato preto e meias brancas. À sua esquerda, outro garoto, também de costas, mas com a cabeça levemente inclinada. Suas roupas são iguais ao anterior, com o suspensório verde. À sua esquerda uma menina de perfil, com rosto inclinado, cabelos pretos amarrados, vestido branco com detalhes azuis, sapatos vermelhos e meias brancas. À sua esquerda, fechando a roda, uma garota com o corpo e cabeça voltados para sua esquerda. Ela tem os cabelos claros, amarrados, usa vestido azul de detalhes vermelhos e botas brancas. Ao fundo da ciranda, na porção superior, a composição geométrica é definida por uma faixa verde e na porção inferior, por uma faixa azul escuro. Entre as faixas, geometria assimétrica maciça composta com tonalidades azul claro, verde e bege.

Análise Iconológica:  

O painel remonta à tradicional festa junina, muito celebrada na região. Este mural pode ser enquadrado dentro de uma vertente de criação espontânea do artista, já que era hábito do mesmo retratar os filhos em situações cotidianas como as brincadeiras. Assim, buscou-se retratar o cotidiano como a ciranda de roda e o regionalismo representado pela festa junina. O regionalismo como tema marca o desejo de criação de uma arte nacional, que, segundo Tadeu Chiarelli (2002), até o final da II Grande Guerra, a arte brasileira mais valorizada era aquela preocupada em caracterizar as peculiaridades locais, já num momento tardio, neste caso, que data da segunda metade da década de 1950. Os símbolos representados como a fogueira, fazem alusão à proteção e purificação do local onde está instalada e o mastro referência à devoção e agradecimentos ao santo.

A ciranda também tem uma conotação importante, pois se trata de uma dança infantil popular que não requer muita destreza e seu ritmo permite a participação de pessoas de várias idades.

PAINEL SAHTTEN – AMBIENTE RURAL

Endereço: Avenida João Pinheiro, 220.

(Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 12.913 de 04/07/2011 – Alterado pelo Decreto nº 16.354, 09/03/2016. Registrado no Livro de Tombo Belas Artes, Inscrição IV).

Análise Iconográfica:

O painel figurativo em perspectiva apresenta como tema o campo, ou seja, o ambiente rural. Compreende uma fazenda, com relevo ao horizonte, as edificações e animais. Podem–se configurar três planos representativos: o plano de fundo (ou terceiro plano), que se alinha à visão do observador e onde se encontra as casas, o curral e alguma vegetação de entorno; o primeiro plano onde as estão figuras de gado, sendo estes dois bois malhados que repousam sobre o pasto, à esquerda, e dois, mais ao longe, à direita. A harmonia das cores se dá pela utilização do azul, verde, amarelo e rosa em várias tonalidades, além da cor preta e branca, estas últimas usadas como valores. Predominantemente, encontram-se os tons de azul e verde no plano de fundo, azul, rosa e amarelo no plano intermediário e tons de verde, ocre e branco no primeiro plano. O preto está inserido nos galhos de árvores, cercas e em alguns contornos.

Análise Iconológica:

O painel envolve a questão relacionada ao ruralismo, ainda marcante na economia local da época, caracterizando também o poder respaldado pelos fazendeiros e coronéis. A cena representada remonta ao bucolismo e calmaria da natureza. Essa percepção se dá principalmente pelo plano de fundo, com montanhas na cor ocre, mata na cor verde claro e o céu que mistura tons claros e escuros de azul, além de nuvens brancas. Na parte central, demonstrando maior importância, localiza-se um casarão, sem muitos detalhes de fachada, nas cores azul, cinza e telhado mesclando o rosa claro e o marrom. Provavelmente esta é a casa do fazendeiro Naves, pois é evidente sua hierarquização em face dos outros elementos, como a casa menor à esquerda, com o telhado nos mesmos tons, mas diferenciando a fachada com uma maior mistura de cores, diminuindo sua harmonia e beleza e nos indicando sua menor importância. Neste mesmo plano, ainda vemos uma cerca na cor preta, árvores de fundo e o chão na cor ocre, que faz nítida separação entre o pasto, na cor verde em tons claros e escuros, do primeiro plano. Neste, encontram-se quatro bois malhados. Os dois primeiros em destaque repousam sobre o pasto e são coloridos em tons de marrom, rosa e contorno preto. Mais ao lado e distante, à direita, encontram-se outros dois bois em pé e pastando.

PAINEL INDÍGENA BRASILEIRO

Painel Indígena Brasileiro

Endereço: Rua XV de Novembro, 743. 

(Tombado como Patrimônio Histórico Municipal pelo Decreto nº 13.203 de 21/12/2011. Registrado no Livro de Tombo Belas Artes, Inscrição V)

Análise Iconográfica:

No primeiro plano de composição do painel destaca-se o casal indígena, composto por pastilhas nas cores ocre, tons de vermelho e preto. Essas figuras se apoiam sobre um tronco de pastilhas nas cores azul, preto, ocre e amarelo, e o índio, à esquerda, carrega nas mãos uma flecha com um par de aves e um arco, representando um ato comum do seu cotidiano: a caça. Este segura a índia pelo braço. Neste ponto, foram aplicadas pastilhas pretas, definindo o contorno da mão, não permitindo que esta se misturasse ao braço dela. Neste mesmo plano, a vegetação é detalhada em tons de ocre, verde e vermelho, permitindo serem identificadas árvores de grande porte, pequenas plantas, flores tropicais, a terra, cipós, as raízes das árvores sobre a água e um caminho, que ali se inicia e se estende até o terceiro plano. Já o segundo plano é menos detalhado, a massa vegetal é retratada por uma camada verde-claro uniforme e se mistura à água, em um tom de azul que vai se tornando mais claro até assumir a posição de céu. Este último plano só se torna perceptível devido à representação de dois pássaros brancos e à presença de duas árvores menores, que dão a sensação de profundidade e demarcam o limite entre a terra e o céu. 

Análise Iconológica:

Mesmo, de acordo com Tadeu Chiarelli (2002), com uma parcela considerável de artistas que vão deixando, a partir da década 1950, de lado a necessidade preconcebida de criação de uma arte nacional, a favor de uma produção disposta a se constituir através de um diálogo direto com as questões da arte contemporânea internacional, percebe-se nesta obra, ainda, a influência do ideal nacionalista. O tema indígena e a natureza tropical representam um ideal, até romântico, de valorização do nacionalismo, que na arte brasileira direcionou vários artistas. Ainda, conforme Chiarelli (2002), preocupados em constituir aprioristicamente uma arte brasileira com características próprias, vários deles deixaram de dar vazão as suas personalidades às questões inerentes à arte para se engajarem naquele programa.

(Informações retiradas e adaptadas do Dossiê de Tombamento elaborado por Juscelino Machado)

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