O Congado é uma manifestação cultural religiosa de origem afro-brasileira que ocorre em diversas regiões do país, especialmente na região Sudeste. Em Uberlândia, o Congado tem uma forte presença na cultura local.
A história do Congado em Uberlândia remonta ao século XIX, quando a cidade ainda era um pequeno povoado. Naquela época, os negros escravizados realizavam suas festividades em segredo, já que não tinham liberdade para praticar suas crenças e tradições. Com o fim da escravidão em 1888, os negros puderam expressar livremente sua cultura e religiosidade. O Congado em Uberlândia teve um papel importante na formação da identidade cultural da cidade, reunindo pessoas de diferentes origens e classes sociais em torno de uma tradição comum. Hoje em dia, o Congado em Uberlândia é reconhecido como patrimônio cultural imaterial do município, sendo preservado e valorizado por suas comunidades.
Os Ternos de Congado em Uberlândia têm uma história rica e tradicional, sendo uma das manifestações culturais mais importantes da cidade. As festividades em Louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito de Uberlândia começam em meados do mês de agosto, quando são iniciadas as campanhas, ensaios e novenas para a realização da Festa. Nesta ocasião, até o início do mês de outubro, os Ternos de Congado visitam devotos, rezam terços e fazem leilões em vários locais da cidade. As novenas, têm início nos nove dias que antecedem o domingo da festa. Os ternos de Congado se encontram na Igreja do Rosário participando das preces e dos leilões. No segundo domingo de todo mês de outubro, a Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito tem seu início, ainda pela madrugada, com alvorada dos ternos e salva de foguetes, anunciando que os tambores estão chegando. Os grupos de Congado saem de seus quartéis, localizados em diversos pontos da cidade. Ainda pela manhã, o cortejo se inicia com passagem pela casa do presidente da Irmandade, percorrendo a avenida Floriano Peixoto, rumo a Praça Rui Barbosa e destino ao entorno da Igreja do Rosário. Cada grupo se apresenta para o público presente. Já no período da tarde, os grupos retornam à Igreja do Rosário por volta das 15h conduzindo Reis, Rainhas e festeiros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Com a chegada dos grupos à Igreja, tem-se a procissão que percorre as ruas do centro da cidade e retornam à Igreja do Rosário para a Coroação dos Reis e Rainhas do ano seguinte, após a coroação de Nossa Senhora do Rosário e missa, tem-se o retorno dos ternos de Congado para seus respectivos quartéis. Na segunda feira, durante o dia, há visitas recíprocas entre Ternos e residências de devotos. No período da noite iniciam os desfiles de despedida diante da Igreja do Rosário. Esta celebração por seu valor cultural e histórico, é uma das mais representativas da cultura afro-brasileira de Uberlândia, sendo registrada como Patrimônio Imaterial Municipal pelo Decreto nº 11.321 de 29/08/2008.
Os santos católicos consagrados padroeiros do festejo congadeiro centralizam nas imagens de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Alguns ternos também reverenciam outros santos protetores no período da escravização como Santa Efigêniae São Domingos.
A Congada de Uberlândia é constituída por 24 ternos ligados à Irmandade Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, instituição que organiza o festejo e o repasse de recursos públicos a cada terno. Atualmente Uberlândia conta com ternos de Marujo, Marinheiros, Catupés, Congos e Moçambiques. Cada terno estabelece seu ritmo musical e cânticos específicos, sendo seus capitães e madrinhas puxadores deste ritmo e cântico. Por essa diversidade marcante, há vários instrumentos que simbolizam nosso festejo como: Caixas, sanfonas, viola, pandeiros representam o terno mais antigo (Terno Congo Sainha), os chocalhos, patagomas, gungas, e instrumentos de percussões diversos estão presentes nos demais ternos. A história de cada um dos 24 ternos do congado de Uberlândia, são únicas, de modo geral têm origem nas comunidades, onde eram formados para celebrar festas religiosas e tradicionais. Com o tempo, os ternos tornaram-se parte importante da cultura urbana da cidade.
A seguir, apresentamos uma breve descrição de cada um dos ternos de congado de Uberlândia com os seus respectivos responsáveis e representação das cores.
- Terno Marinheiro de Nossa Senhora do Rosário
Cores predominantes: Azul, branco e amarelo
Resp.: Antônia Aparecida Rosa - Terno Marinheiro De São Benedito
Cores predominantes: Azul e branco
Resp.: Elias José Carlos - Terno Congo Camisa Verde
Cores predominantes: Verde e amarelo
Resp.: Carlos Roberto Nascimento - Terno Congo Santa Efigênia
Cores predominantes: Branco, amarelo e verde
Resp.: Marco Antônio Santos - Terno Congo Amarelo Ouro
Cores predominantes: Amarelo e branco
Resp.: Wander Martins Silva - Terno Congo Verde e Branco
Cores predominantes: Branco e verde
Resp.: Sílvio Donizete Rodrigues - Terno Congo Sainha
Cores predominantes: branco, azul e rosa
Resp.: Eustáquio Marques “Sr. Zezão” - Terno Catupé Azul e Rosa
Cores predominantes: Azul e rosa
Resp.: Enildon Pereira Da Silva - Terno Catupé De Nossa Senhora Do Rosário
Cores predominantes: Azul e branco
Resp.: Sirlei Carmem Ribeiro - Terno Marujo Azul De Maio
Cores predominantes: Azul e branco
Resp.: Rubens Aparecido Assunção - Terno Moçambique Estrela Guia
Cores predominantes: Laranja e branco
Resp.:Ocimar Cândido Ferreira “Malaquias Preto” - Terno Moçambique Pena Branca
Cor predominante: Branco
Resp.: Luiz Carlos Miguel “Sr. Pico” - Terno Moçambique Princesa Isabel
Cores predominantes: Branco e azul
Resp.: Ubirajara Vital Da Silva - Terno Moçambique Do Oriente
Cores predominantes: Branco, rosa e verde
Resp.: Célio Junior - Terno Moçambique De Belém
Cores predominantes: Verde e branco
Resp.: Ramon Rodrigues - 16.Terno Catupé Martins
Cores predominantes: Branco, rosa e azul
Resp. Ubiratan César Nascimento - Terno Congo Prata
Cores predominantes: Prata e amarelo
Resp.: Vanderson da Silva - Terno São Domingos
Cores predominantes: Verde limão e branco
Resp.: Jose Herculano Candido - Terno Moçambique Guardiões De São Benedito
Cores predominantes: Rosa e branco
Resp.: Valdir Carlos Raimundo - Terno Moçambique de Angola
Cores predominantes: Branco e azul
Resp.: Vanderlei Teodoro - Terno Moçambique Raízes
Cores predominantes: branco e verde
Resp.: Claudiomiro Ramos Da Silva - Terno Catupé do Mansour
Cores predominantes: Azul e branco
Resp. Ireno Da Silva - Terno Congo Rosário Santo
Cores predominantes: Azul e branco
Resp.: Flavio Adriano Cassiano Dos Santos - Terno Moçambique Quilombo Dos Palmares
Cores predominantes: Marrom, branco e amarelo
Resp.: Daniel Araújo Arantes
Cada terno possui suas próprias tradições e rituais, mas todos têm em comum o compromisso de preservar e difundir a cultura e a história afro-brasileira na cidade de Uberlândia.