Recurso abundante em nossa região e com grande potencial para promover melhorias significantes na agricultura do país, o pó de basalto segue sendo testado de forma pioneira pela Prefeitura de Uberlândia, agora em fazendas de pequenos e médios produtores do município. Ainda em fase de experimento técnico cientifico, o remineralizador, uma rocha vulcânica capaz de substituir adubos químicos, já está aplicado em produções de milho e manga. O recurso já havia sido testado pela prefeitura junto à empresa Campo em lavouras de soja.
O estudo, conduzido pela Secretaria Municipal de Agronegócios, Economia e Inovação em parceria com o Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), ainda deverá ser realizado em culturas de pastagem, hortaliças e banana, também em propriedades selecionadas pelo município. “Precisamos destacar que esse trabalho tem sido pioneiro, uma vez que nosso intuito é utilizar os resultados deste experimento como validação das recomendações agronômicas, que ainda não existem, justamente por ser nova a utilização do basalto como remineralizador”, afirmou a assessora de Agronegócios do município, Thalita Costa Jorge.
Resultados
Nesta terça-feira (13), por exemplo, a equipe da Prefeitura de Uberlândia esteve em uma propriedade rural no distrito de Martinésia. Lá, o pó de basalto está aplicado em uma lavoura de milho e os resultados colhidos são positivos conforme a pró-análise. Para que fosse possível a comparação, o remineralizador foi aplicado somente em parte do plantio. “Onde há o basalto já notamos os pés de milho com um caule mais desenvolvido e folhas mais verdes. Outro fato está relacionado à proteção. Houve uma infestação de lagartas e a parte com basalto não foi tão agredida, já que o pó conta com uma camada mais alta de silício, aumentando a proteção da planta”, disse diretor de Agropecuária, Distritos e Comunidades Rurais, Romes Fernandes Dias.
Como funciona
Para estes testes, foram escolhidas pela Prefeitura de Uberlândia, culturas importantes na nossa região, casos do milho para silagem, pastagens, hortaliças, manga e banana. Desta maneira, o solo que receberá o plantio e o pó de basalto é analisado anteriormente e após a aplicação do remineralizador, onde é visto se houve aumento dos microrganismos e da fertilidade do solo. Após essa etapa, com o plantio concluído, o basalto é aplicado em diferentes camadas, no intuito de observar a dosagem ideal a ser indicada. Já com o desenvolvimento da cultura, é feita também a análise do produto. “No caso do milho pesamos e observamos o volume, comparando o milho plantado em áreas com basalto e nos locais que não contam com o recurso”, disse o técnico agropecuário do município, Marcelo Donizete da Silva Junior.
Após todos os testes realizados in loco, os resultados são submetidos às estáticas, onde poderão ser encontrados os padrões e, consequentemente, são encontradas as validações para recomendações agronômicas.
Basalto
O basalto é uma rocha silicática de origem vulcânica abundante em Uberlândia. A cidade possui mais de 16 mil hectares desse recurso, que apresenta altas concentrações de cálcio, magnésio e potássio, entre outros minerais. Na sua forma em pó, tem capacidade de aumentar o rendimento de produção na ordem de 20% a 30%, com melhoria da sanidade das plantas, maior retenção de carbono no solo, maior resistência às intempéries e menor uso de fertilizantes sintéticos e defensivos, que encarecem os custos da lavoura.
Em outubro de 2019, a Prefeitura realizou um seminário nacional sobre esse estudo, que contou com a presença de pesquisadores e agricultores de todo o país. Os primeiros resultados da aplicação em lavouras de soja de Minas Gerais, Tocantins e Goiás foram apresentados em abril de 2020, corroborando as perspectivas de plantações mais robustas e saudáveis.
Vantagens logísticas
Uberlândia está localizada no entroncamento de importantes rodovias (BRs 050, 365 e 452) e atendida por uma malha ferroviária que possibilita a interligação entre as regiões Centro-Oeste e Sudeste do país. Ligada diretamente a cinco dos maiores polos econômicos brasileiros (Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Brasília), a cidade possui o único entreposto mineiro da Zona Franca de Manaus, sediando o Porto Seco do Cerrado (que interliga aos portos de Vitória-ES e Santos-SP) e com o maior aeroporto operado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) em Minas Gerais (por onde passam tanto passageiros quanto cargas).